Núcleo Histórico de Alcoutim

A exposição “Alcoutim, Terra de Fronteira” foi inaugurada a 26 de junho de 2010, nos espaços públicos da vila de Alcoutim. É a exposição com a qual o Município de Alcoutim participou no projeto de âmbito regional intitulado Algarve – Do Reino à Região, cuja organização foi da responsabilidade da Rede de Museus do Algarve.

Algarve – Do Reino à Região foi uma iniciativa conjunta e pioneira onde, pela primeira vez, se abordaram os últimos mil anos da história e da cultura algarvias, presentes na herança material e espiritual que, desde o Gharb al-Andalus à atualidade, tem vindo a moldar e caracterizar as marcas identitárias deste território.

Como a denominação indica a escolha da temática para a exposição de Alcoutim recaiu na história da vila e sua implantação geográfica, como vila de fronteira, pretendendo-se assim,  proceder a uma contextualização histórica da importância do Rio Guadiana como marco na defesa da fronteira e como elo de ligação entre as principais povoações ribeirinhas – Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António, desvendar a história e as “estórias” que ligam o rio aos principais acontecimentos da raia e enaltecer a importância do rio no quotidiano da população ribeirinha. Para viabilizar todo o processo de investigação e de produção de conteúdos, assim como a sua coordenação científica, foi assinado um Acordo Específico de Colaboração com a Universidade do Algarve / Centro de Estudos de Património e História do Algarve, ao abrigo do Protocolo Geral de Cooperação celebrado a 14 de dezembro de 1999 entre estas duas instituições.

O centro histórico da vila alcouteneja é a “sala de exposições” e a paisagem envolvente, como o rio Guadiana, a vila acastelada em anfiteatro e a vizinha Sanlúcar de Guadiana, como os “objetos” que fomentam a informação, motivando assim os visitantes / fruidores a percorrer a vila e a descobrir a sua história, cultura e os seus recantos, ruelas e edifícios mais autênticos, bonitos e carismáticos.

Os conteúdos da exposição e toda a informação turístico-cultural sobre a vila e o seu território estão disponíveis em 5 línguas (português, inglês, francês, espanhol e alemão) através dos folhetos de orientação e de um sistema de áudio-guias.

FOLHETO DE ORIENTAÇÃO

Núcleo Histórico

ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Desconhece-se a data da sua fundação; os documentos referem-na como sendo muito antiga e designam-na como Igreja de Santa Maria. Templo de nave única, com cúpula rematada por um lanternim cego a cobrir o corpo que corresponde à capela-mor. Durante o segundo decénio do século XVI os Condes de Alcoutim patrocinaram algumas obras de remodelação. Dessa campanha de obras resta ainda o portal manuelino. Nos finais do século XVII e inícios do século XVIII, o espaço exterior da igreja foi reformulado pelos engenheiros militares, com o intuito de ligar o templo com a vila. No altar-mor destaca-se um belíssimo retábulo barroco, da segunda metade do século XVII, com colunas torças que ladeiam a imagem de Nossa Senhora da Conceição, e os azulejos hispano-árabes que revestem o frontal da mesa de altar.

IGREJA DA MISERICÓRDIA

Templo construído no século XVI. Possuía capela-mor e um altar com pintura a imitar o mármore, do tempo de D. João VI. No seu no interior existe uma pedra sepulcral com a seguinte inscrição “SEPULTURA DE MARTIM VILÃO E SUA MULHER (E) HERDEIROS - ERA DE 1513 - O PRIMEIRO SEPULTADO NESTA CASA. PADRE NOSSO - AVÉ MARIA”. Junto à porta principal possui uma placa indicando a altura a que chegou a água do rio Guadiana aquando das grandes cheias em 1876.

IGREJA MATRIZ S. SALVADOR

A primitiva Igreja Matriz foi construída em meados do século XIV e era de apenas uma nave. Na segunda metade do século XVI, a Igreja foi construída de novo, sob o patrocínio dos Condes de Alcoutim, ficando com três naves, quatro tramos, e capitéis com ábacos curvos. O portal principal, as colunas, as bases e os capitéis vieram de Tavira e pensa-se que tenham sido executados na oficina do mestre pedreiro André Pilarte. A Igreja Matriz S. Salvador é um dos melhores exemplares do Primeiro Renascimento no Algarve.

CASA BALUARTE

As paredes abaluartadas deste edifício colocam a hipótese de se tratar do antigo Corpo de Guarda de Alcoutim, possivelmente remodelado por engenheiros militares, durante os finais do século XVII e início do século XVIII, para se adaptar a novas funções de carácter militar. Encontra-se assinalado nos desenhos do engenheiro militar José de Sande Vasconcelos, dos finais do século XVIII.

CAPELA DE SANTO ANTÓNIO

Não se conhece a data da sua construção, mas as proximidades deste templo com a residência dos Condes, bem como o título de conde concedido no dia de Santo António, a 13 de junho, colocam a hipótese de que esta capela tenha sido mandada construir, no final do século XVI e inicio do século XVII, pelos Condes de Alcoutim, para templo privado. O orago a Santo António leva a crer que esteja relacionada com a pesca no rio Guadiana. No seu interior possui um altar em alvenaria e um nicho, que é ladrilhado com adobe vermelho, com a imagem de St. º António. Destaca-se a abóbada de berço ladrilhada e o fino lintel do portal. Recebe em 2008 o remodelado Núcleo Museológico de Arte Sacra.

CASA DOS CONDES DE ALCOUTIM

Edifício medieval que terá sofrido algumas transformações arquitetónicas realizadas pelos engenheiros militares, durante os séculos XVII e XVIII. A Casa dos Condes é de arquitetura simples; a singularidade deste edifício deve-se à escadaria de duplo acesso que interrompe a via pública. No interior existe um pequeno pátio onde também se pode observar um belo poço. Antiga residência dos Condes de Alcoutim este edifício foi remodelado em 1997/8 pela autarquia e instalado no seu interior a biblioteca municipal e a sala de exposições temporárias.

ANTIGA ALFÂNDEGA

Edifício existente em meados do século XVI e que terá sofrido algumas transformações e remodelações arquitetónicas por engenheiros militares. Possui uma arquitetura rigorosa, simples e funcional, com a fachada lateral paralela ao rio Guadiana e a fachada principal orientada para norte. Está assinalado em três desenhos que José de Sande Vasconcelos fez da praça de Alcoutim, nos finais do século XVIII. Num desses registos, o edifício vem legendado como sendo “Casas do Juiz da Alfândega”. No século XX serviu de Posto da Guarda-fiscal. Encontrava-se devoluto até ser reabilitado, recentemente, para aí funcionar o Serviço de Finanças de Alcoutim.

CASTELO DE ALCOUTIM

A construção do Castelo de Alcoutim iniciou-se no reinado de D. Dinis, no século XIV, para defender a fronteira e controlar o comércio no rio Guadiana. No século XVI foi aberta a porta ogival do lado do rio e construídos diversos edifícios adoçados à muralha Norte. Na segunda metade do século XVII e século XVIII, os engenheiros militares construíram neste castelo uma plataforma para albergar uma bateria para sete canhões apontados para a povoação de Sanlúcar de Guadiana. Em 1992/1993 a Câmara Municipal de Alcoutim desenvolveu um projeto de recuperação desta fortaleza, de onde resultou o aparecimento de alguns vestígios arqueológicos: Estes vestígios foram estudados e valorizados com a criação em 2000 do Núcleo Museológico de Arqueologia. Em 2005 o paiol recebeu a exposição Jogos Intemporais – Exposição de Tabuleiros e Pedras de Jogos do Castelo Velho de Alcoutim.

ESCADARIA BARROCA

Construída por engenheiros militares durante a segunda metade do século XVII inícios do século XVIII, com objetivo de fazer a ligação entre a Igreja e a Vila. Escadaria circular, da época barroca, constituída por patamar e dois lances de escadas subsequentes e opostos.

MURALHA DO SÉCULO XVII

Iniciada em 1660 sob a direção do sargento-mor Manuel de Sousa de Castro e também do engenheiro militar Pedro de Santa Colomba. Alcoutim foi toda cercada de muros transformando-se numa autêntica praça de guerra. Os muros eram intercetados pelas seguintes portas: Porta de Tavira, Porta de Mértola, Porta do Rio ou do Guadiana.